segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

AULA INAUGURAL DO PERÍODO 2012.2: RACIOCÍNIO NO EXAME NEUROLÓGICO

          Na última sexta feira, 30 de Novembrode 2012, a LANN teve a honra de receber como Palestrante Dr. Djalma Felipe Menendez, o fundador da liga em 2006, e atualmente residente de Neurocirurgia do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

          Após nos falar sobre o dia-a-dia da residência em neurocirurgia,  o tema "Raciocínio no Exame Neurológico" foi exposto de forma brilhante, abordando  todos os itens do exame neurológico e orientando como realizá-lo de forma prática e lógica, com riqueza de exemplos da prática clínica e informações preciosas que não estão nos livros.




Atuais membros da LANN. Da esquerda para a direita: André Vidal, Aderaldo Júnior, Rayan Santos, Agláia Ximenes, Thereza Loureiro, Raissa Franco, Isaac Linhares, Artur Bastos, Hygor Cassimiro, Dr. Djalma e Alex Meira.

          Estavam presentes alunos de diversos períodos, e até mesmo muitos alunos do primeiro período, que puderam ter o primeiro contato com a neurologia.

          A Dr. Djalma, o nosso Muito Obrigado por estar contribuindo conosco mais uma vez.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

EDITAL DE SELEÇÃO PARA NOVOS MEMBROS DA LIGA ACADÊMICA DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA DA UFPB




A Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal da Paraíba comunica que estão abertas as inscrições para seu processo seletivo.
1.      DAS INSCRIÇÕES
a.      Poderão se inscrever acadêmicos de curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba período que estejam cursando regularmente suas atividades acadêmicas e que tenham concluído o 1º período.
b.      Serão destinadas 04  (quatro) vagas para o processo seletivo.
c.       As inscrições serão realizadas exclusivamente pelo e-mail lannufpb@gmail.com devendo constar em ASSUNTO: “Inscrição  -Seleção LANNUFPB”.
d.      As inscrições estarão abertas durante 01 (uma) semana, entres os dias 26 de Novembro a 02 de Dezembro de 2012, até às 23h59min, sendo invalidados e-mails a partir desta data.
e.      Os documentos exigidos para a inscrição, que deverão ser anexados ao e-mail (em formato JPG ou .PDF), são: histórico escolar e documento de identificação com foto.
f.        Só serão aceitas as inscrições com documentação completa.

2.      DA PROVA DE SELEÇÃO
a.      A prova será realizada no dia 07 de Dezembro de 2012 às 17h, no Centro de Ciência Médicas da UFPB, em sala a ser definido e comunicado aos inscritos com pelo menos 72 horas de antecedência.
b.      O processo constará de etapa única: uma prova de múltipla escolha, de 20 questões, relacionadas aos temas presentes no final deste edital e mais uma prova teórico-prática. A prova teórico-prática, terá 10 imagens projetadas em slides, compatíveis com o conteúdo da seleção. O candidato terá 45 segundos para responder ao que se pede no que se refere à imagem projetada.
c.       Contará como pontuação extra as seguintes atividades:
                                                              i.      Monitoria de Anatomia, Neuroanatomia, Fisiologia e/ou Farmacologia: + 0,5 ponto, no máximo de 1,0 ponto;
                                                            ii.      Trabalhos Científicos apresentados em eventos relacionados à Neurologia, Neurocirurgia ou Neuroanatomia: + 0,1 ponto por trabalho, no máximo de 1,0 ponto.
                                                          iii.      Participação comprovada em atividades da Liga, registrada na ata, valendo 0,1 ponto por atividade, no máximo de 1,0 ponto.
d.      Os comprovantes das atividades extras devem ser anexados à ficha de inscrição e enviados por e-mail ou apresentados no dia da prova com pelo menos 30minutos de antecedência.
e.      Em caso de empate, serão utilizados os seguintes critérios, respectivamente:
                                                              i.      Participação nos eventos da Liga
                                                            ii.      Nota da prova teórica
                                                          iii.      Período mais adiantado

3.      CONTEÚDO EXIGIDO
  3.1) Macroneuroanatomia e Neurofisiologia:
·         Medula Espinhal e Seus Envoltórios
·         Tronco Encefálico
·         Cerebelo
·         Diencéfalo
·         Telencéfalo
·         Meninges
·         Líquor
·         Vascularização do Sistema Nervoso Central
·         Barreiras Encefálicas
·         Sistema Nervoso Periférico
·         Nervos Cranianos
·         Sistema Nervoso Autônomo
3.2)Microneuroanatomia:
·         Estrutura da Medula Espinhal
·         Estrutura do Bulbo
·         Estrutura da Ponte
·         Estrutura do Mesencéfalo
·         Núcleos dos Nervos Cranianos (Estudo Conjunto)
·         Reflexos Integrados no Tronco Encefálico
·         Formação Reticular e Vias Monoaminérgicas do Troco Encefálico
·         Estrutura e Funções do Cerebelo
·         Estrutura e Funções dos Núcleos da Base e Centro Branco Medular do Cerebro
·         Estrutura e Funções do Córtex Cerebral
·         Sitema Límbico
·         Grandes Vias Aferentes
·         Grandes Vias Eferentes
3.3) Princípios de Neurorradiologia
·         Técnica e imagens em Tomografia Computadorizada
·         Técnica e imagens em Ressonância Nuclear Magnética
·         Correlações anátomo-clínicas e neuroimagem
3.4) Exame Neurológico
3.5) Hipertensão Intracraniana
3.6) Acidente Vascular Encefálico

4) Casos omissos nesse Edital serão resolvidos mediante votação entre os membros ativos da LANNUFPB.
5) Poderão ser impetrados recursos em até 48 (quarenta e oito) horas da divulgação do resultado e/ou gabarito oficial, mediante e-mail para o endereço lannufpb@gmail.com.
            5.1) Caso haja divergências na literatura quanto a qualquer assunto abordado na prova, para efeito desta seleção será considerado “correto” aquilo que constar na bibliografia indicada.
            5.2) Caso não haja consenso para o laudo a ser apresentado na imagem, se esta não for retirada de livro indicada na bibliografia recomendada, será consultado um dos professores orientadores da LANNUFPB. Para efeito desta seleção, a opinião do professor-orientador quanto à imagem projetada na prova teórico-prática será definitiva para definir a resposta a ser considerada “correta”.
6) Ao se candidatar à vaga na LANNUFPB o candidato declara estar ciente e concordar com todos os itens contidos neste Edital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional. 2ª edição. São Paulo: Atheneu, 1993.

NITRINI, R.; L.A. Bacheschi. A neurologia que todo médico deve saber, 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2003

PORTO C.C. Semiologia Médica. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 5ª ed, 2005.

CAMPBELL W. W. Dejong O Exame Neurológico. 6ª Edição. Rio de Janeiro:Editora Guanabara Koogan. 2007

Meneses M. S. Neuroanatomia Aplicada. Ed. Guanabara-Koogan, 2°Ed, 2006

MISULIS, K. E.; HEAD, T. C. Netter Neurologia Essencial. Ed. Suaders-Elsevier – 2008.

FELTEN, D. L.; SHETTY, A. N. Netter Atlas de Neurociência – 2ª ed, 2009.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A LANN UFPB durante o VI Congresso Paraibano dos estudantes de Medicina


          O 6º Congresso Paraibano dos Estudantes de Medicina (VI CPEM) ocorreu na UFPB nos dias 16, 17, 18 e 19 de agosto de 2012, com o objetivo de despertar o interesse da comunidade acadêmica para a produção de conhecimento científico nas mais diversas áreas da medicina e discutir os avanços, impasses e perspectivas da saúde brasileira.

      Com o tema "A produção científica na medicina e seu papel na sociedade", o VI CPEM veio ressaltar a necessidade de se ampliar e sistematizar a produção científica no curso de medicina e discutir a importância do tripé ensino - pesquisa - extensão. O congresso trouxe ainda professores ilustres como Dr. Celmo Celeno Porto, consagrado autor dos livros Semiologia Médica e  Exame Neurológico, amplamente usados em todas as escola médicas do país. 

    A LANN enviou ao congresso quatro trabalhos, e teve um deles premiado. O trabalho, intitulado "Tratamento da Fibromialgia juvenil: revisão sistemática da literatura ", recebeu uma Menção honrosa durante a cerimônia de encerramento do congresso.
Da direita para a esquerda: Thereza Loureiro (membro da LANN), Laís Araújo (Presidente do VI CPEM), Agláia Ximenes (membro da LANN), Angélica Lira e Fabiana Neves, durante entrega da menção honrosa.


   Dentre os minicursos promovidos pelas ligas acadêmicas durante o congresso, a LANN se destacou, como a única liga que promoveu três minicursos de sucesso no evento:

EXAME NEUROLÓGICO
Ministrante: Dr. Maurus Marques de Almeida Holanda

O exame neurológico foi abordado com ênfase nas manobras que todo médico generalista deve conhecer, capacitando o aluno a identificar os sinais patológicos do sistema nervoso e topografar a lesão.

Professor Maurus Holanda descrevendo o exame das funções cerebelares 

Professor Maurus Holanda exemplificando realizando o exame neurológico no aluno Marcelo Weynes



Da esquerda para a direita: Alex Meira (Presidente da LANN), Prof. Maurus Holanda, Paloma Stephane (membro da LANN)  e Agláia Moreira (membro da LANN).

NEUROINTENSIVISMO
Ministrante: Dr. Gustavo Cartaxo Patriota

O tema foi abordado com enfoque em seus conceito, principais fisiopatologias, métodos de diagnóstico, formas gerais de tratamento e prognósticos, capacitando o aluno para a suspeitar, identificar e iniciar as condutas de suporte e então encaminhar o paciente estabilizado ao serviço de referência da região.

NEURORRADIOLOGIA NA URGÊNCIA GERAL
Ministrante: Dr. Carlos Fernando de Mello Junior






O minicurso apresentou os métodos de diagnóstico por imagem mais empregados nas principais urgências neurológicas dos prontos-socorros em geral, e não apenas nos de referência em neurologia/neurocirurgia, usando uma abordagem clínico-radiológica de patologias como AVC, TCE, Tumores e processos inflamatório/infecciosos.



Após as palestras, com apoio da Roche, foram sorteados diversos brindes nos três minicursos,  incluindo Martelos de Taylor, com o intuito de incentivar o aluno na prática das manobras do exame neurológico.

Agradecemos a todos que participaram, especialmente aos nossos professores e aos que fizeram a comissão organizadora dos minicursos. 

Todos os que contribuíram para que  IV Congresso Paraibano dos Estudantes de Medicina acontecesse, especialmente nossa colega Laís Araújo, presidente do congresso, merecem nossos parabéns, pois foi um evento digno de nossa admiração, se destacando pela alta qualidade em todos os aspectos, e pela preocupação com a produção científica das escolas médicas de nosso estado.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Traumatismo raquimedular e suas implicações: choque medular e choque neurogênico

por Aderaldo Costa Alves Junior



         Os distúrbios cardiovasculares são as principais causas de morbimortalidade no traumatismo raquimedular (TRM) em fases agudas e crônicas. O TRM, ao lesar transversalmente a medula espinal, promove o rompimento das vias nervosas descendentes. Quando o nível de lesão ocorre acima da 6ª vértebra torácica, ocorre interrupção do controle supraespinal do sistema nervoso simpático, resultando em hipoatividade simpática. Como o sistema parassimpático independe da função medular por seguir o trajeto do nervo vago (X par craniano), um sistema simpático hipoativo com preservação do seu opositor leva a uma descarga parassimpática. O resultado final é diminuição da pressão arterial sistêmica de repouso, perda da regulação adaptativa da pressão sanguínea e reflexos alterados.

O choque medular é a ruptura fisiológica das funções da medula espinal que acompanha o TRM; é a suspensão transitória da função e reflexos abaixo do nível da lesão. Os sintomas são déficit de sensibilidade, paralisia flácida, ausência de reflexos tendinosos profundos, abolição da atividade somática reflexa e alterações na regulação térmica abaixo do nível da lesão. O choque medular dura dias a semanas, usualmente 4-12 semanas, tendo seu fim marcado pelo retorno dos reflexos tendinosos profundos e do reflexo bulbocarvernoso.

O choque neurogênico consiste em grave hipotensão arterial, bradicardia e hipotermia. A manifestação característica é pressão sistólica inferior a 90 mmHg em posição supina, que não seja resultado de perda de volume. Ocorre queda na resistência vascular periférica e no débito cardíaco, enquanto que a pressão venosa central permanece inalterada. Estudos mostram uma maior prevalência de choque neurogênico em pacientes ASIA A e B comparados ao ASIA C e D.

O choque medular e o choque neurogênico ocorrem na fase aguda do TRM. A resposta inicial é uma estimulação simpática maciça, devido à liberação de norepinefrina pelas supra-renais, e ativação parassimpática reflexa por 3-4 minutos, mediada por receptores alfa-adrenérgicos. Os efeitos hemodinâmicos são hipertensão grave e bradicardia reflexa ou taquiarritmia. Há também uma resposta pressórica causada pela ruptura dos neurônios vasoativos cervicais e torácicos altos.

Baixa pressão arterial e presença de choque neurogênico após TRM podem resultar em isquemia da medula espinal e são potenciais fatores que contribuem para a cascata de mecanismos secundários envolvidas em danos adicionais ao frágil tecido nervoso. A hipoperfusão medular resulta tanto da baixa pressão arterial sistólica quanto da compressão mecânica da medula espinal. Aumentos na pressão arterial sistêmica podem melhorar a perfusão para a medula espinal lesada.  Estudos realizados com vários pacientes com lesão medular tratados agressivamente com manutenção da pressão arterial média nas faixas altas normais (85-90 mmHg) sugeriram melhores resultados neurológicos. Atualmente, não há consenso se é melhor a descompressão cirúrgica precoce da medula espinal ou adiar o procedimento até que os pacientes estejam mais estáveis.


Referências
1: HAGEN, E. N. et al. Cardiovascular and urological dysfunction in spinal cord injury. Acta Neurol Scand Suppl, v. 191, p. 71-78, 2011.
2: POPA, C. et al. Vascular dysfunctions following spinal cord injury. J Med Life, Bucharest, v. 3, n.3, p. 275-285, ago. 2010.
3: TULI, S. et al. Hemodynamic Parameters and Timing of Surgical Decompression in Acute Cervical Spinal Cord Injury. J Spinal Cord Med, v. 30, n. 5, p. 482-490, abr. 2007. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

ESPASMO HEMIFACIAL - por Agláia M. G. Ximenes



Espasmo hemifacial (EH) é um distúrbio do movimento, pertencente ao grupo das distonias focais, no qual os músculos inervados pelo nervo facial (NF) ipsilateral (sétimo par craniano) apresentam contrações tônicas ou clônicas, involuntárias, unilaterais e irregulares (YALTHO; JANKOVIC, 2011; FELICIO et al, 2011), e pode ser classificado de acordo com a patologia de base em idiopático (ou primário) e secundário (FELICIO et al, 2011). O EH secundário decorre de Paralisia Facial (espasmo hemifacial pós-paralítico), Paralisia de Bell, lesão do nervo facial, desmielinização e insultos vasculares cerebrais (YALTHO; JANKOVIC, 2011).  
Já o espasmo hemifacial idiopático (EHI) é frequentemente atribuído a compressões vasculares na zona de saída da raiz dorsal do nervo facial (ou Dorsal Route Entry zone – DREZ), que podem ser causadas por variações e malformações das artérias vertebrais, cerebelares inferiores anteriores e cerebelares inferiores posteriores (SHITING et al, 2010) além de ramos anômalos do sistema arterial vértebro-basilar (OSAKI; BELFORT, 2004; SEKULA JR et al, 2009; ABBRUZZESE et al, 2011) .

Tais compressões podem ser classificadas em seis categorias: loop (o vaso contorna o nervo comprimindo-o), aracnoide (trabéculas de aracnoide entre o tronco cerebral e o nervo facial comprimem os vasos contra este), perfurante (ramos perfurantes originados do sistema vértebro basilar penetram no tronco encefálico passando pelo NF e comprimindo-o), ramo (o NF está preso entre uma artéria e um de seus ramos), sanduíche (o NF está entre dois vasos do sistema vértebro-basilar) e tandem (um vaso comprime outro vaso que por sua vez comprime o nervo) (PARK et al, 2008).

 
O EHI é uma condição crônica, que raramente tem remissão espontânea (BARBOSA et al, 2010), e pertence ao grupo das distonias focais, cuja incidência é estimada em 2 novos casos por milhão de habitantes por ano, resultando em uma prevalência de 29,5 casos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2010).

Embora a maioria dos pacientes com EHI não apresente redução de expectativa de vida, freqüentemente sofrem de baixa auto-estima, depressão e interação social prejudicada, sendo por isso o EHI um fator que influencia negativamente a qualidade de vida do paciente (OSAKI; BELFORT, 2004; SETTHAWATCHARAWANICH et al 2011; SEKULA JR et al, 2009).


 
Acomete principalmente a região periorbital, espalhando-se em seguida para os músculos da face (zigomático maior, zigomático menor, orbicular da boca, risório e mentoniano) e do pescoço (platisma) do mesmo lado. Os espasmos persistem durante o sono (OSAKI; BELFORT, 2004), e podem ou não interrompê-lo. A apresentação do EHI pode ser típica, quando as contrações se iniciam no músculo orbicular do olho e depois se espalham para a região inferior da hemiface ipsilateral, ou atípica, quando as contrações tem início na porção inferior da hemiface e ascendem (SEKULA JR et al, 2009).

Apresentações anômalas do EHI podem incluir parestesia facial, perda ou diminuição da acuidade auditiva e vertigem, sintomas estes que se apresentam quando as malformações vasculares do sistema vértebro-basilar atingem os nervos facial, vestíbulo-coclear e trigêmeo (PERLMUTTER et al, 2010).

O diagnóstico diferencial inclui tiques, causas psicogênicas, mioclonias (YALTHO; JANKOVIC, 2011), outras distonias, como o blefaroespasmo e a distonia oro-mandibular (BRASIL, 2010) além de espasmo hemifacial secundário à compressão no nervo facial por tumor.

Até a introdução da toxina botulínica como alternativa terapêutica, outras opções eram o tratamento oral (cujos resultados eram mínimos) e intervenção cirúrgica, com potencial curativo (no caso de EHI associado a compressão vascular) (SINDOU; KERAVEL, 2009), mas com risco inerente de complicações. O uso da toxina botulínica tipo A foi aprovado pela Food and Drug Administration em 1989 no Estados Unidos e aprovado em 1992 no Brasil, e desde então tornou-se  tratamento padrão do EHI (BARBOSA, 2010), sendo esta opção terapêutica de alto custo21 bem sucedida no controle temporário dos espasmos em 88% dos casos (BRASIL, 2010; KENNEY; JANKOVIC, 2008).
 Apesar disso, a toxina botulínica apenas alivia os sintomas, e seus efeitos são inconstantes e sempre transitórios, necessitando o paciente de aplicações periódicas da mesma, as quais geralmente são feitas a cada 3 a 6 meses. O tratamento definitivo para as EHI é a técnica conservadora de Cirurgia Microvascular Descompressiva (CMD) cujo potencial de cura é de 85% a 95% dos pacientes ((SINDOU; KERAVEL, 2009; PARK et al, 2008; FERREIRA JR et al, 2011). Sendo executada por profissionais de alta capacidade técnica, a CMD pode ser realizada com baixa morbidade.

A fim de minimizar a possibilidade de recorrência, o procedimento deve focar-se em encontrar todos os fatores que tornaram a compressão neuro-vascular inevitável, após aparente descompressão bem sucedida. Desta forma, mais de um vaso pode ser encontrado como causa da compressão, permitindo a correção desta e a execução da CMD com maior potencial curativo. Além disso, para melhorar o desfecho clínico dos pacientes submetidos à CMD, deve ser realizado o monitoramento trans-operatório de atividade muscular anormal por eletroneuromiografia (SEKULA JR et al, 2009; YING et al, 2011).
Uma vez que o vaso responsável pela compressão do nervo facial seja identificado, o padrão provável de compressão pode ser antecipado, e este conhecimento pode facilitar a aplicação da técnica cirúrgica e minimizar as complicações pós-operatórias.

REFERÊNCIAS

1.      ABBRUZZESE, Giovanni et al. Hemifacial spasm. Handb Clin Neurol. v. 96, n. 11. Nov. 2011.

2.      BARBOSA, Egberto Reis et al . Botulinum toxin type A in the treatment of hemifacial spasm: an 11-year experience. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, v. 68, n. 4, Aug.  2010.  

3.      BENTO, Ricardo F. et al. Espasmo hemifacial: dez anos de experiência
Rev. bras. otorrinolaringol
. v. 57, n. 3, Jul.-Set. 1991.

4.      BRASIL, Ministério da saúde: Secretaria de Atenção à saúde. Protocolos Clínicos E Diretrizes Terapêuticas -  Volume I. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial (Portaria SAS/MS nº 376, de 10 de novembro de 2009) - 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde: 2010.

5.      FELICIO, André Carvalho et al. Clinical assessment of patients with primary and postparalytic hemifacial spasm: a retrospective study. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 65, n. 3b, Set.  2007.

6.      FERREIRA JR, Manuel. et al. Vertebral artery pexy for microvascular decompression of the facial nerve in the treatment of hemifacial spasm. J Neurosurg. v. 114, n. 6. Jun. 2011.

7.      HAN, In-Bo et al. Unusual Causes and Presentations of Hemifacial Spasm. Neurosurgery. v. 65, n. 1. Jul 2009.

8.      KAWASHIMA, Massatou et al. Hemifacial spasm caused by vascular compression of the distal portion of the facial nerve associated with configuration variation of the facial and vestibulocochlear nerve complex. Turk Neurosurg. v. 19, n. 3. Jul. 2009.

9.      KENNEY, Christopher; JANKOVIC, Joseph. Botulinum toxin in the treatment of blepharospasm and hemifacial spasm. J Neural Transm v. 115, n. 4. 2008.

10.  LASALVIA, Cintia G. G. et al . Custos e eficácia da toxina botulínica tipo A no tratamento do blefaroespasmo essencial e espasmo hemifacial. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo,  v. 69,  n. 5, Out.  2006.  

11.  NARAGHI, Ramim. Classification of neurovascular compression in typical hemifacial spasm: three-dimensional visualization of the facial and the vestibulocochlear nerves. J Neurosurg. v. 107, n. 6.  Dez. 2007.  

12.  OSAKI, Midori Hentona; BELFORT JR, Rubens. Qualidade de vida e custos diretos em pacientes com blefaroespasmo essencial e espasmo hemifacial, tratados com toxina botulínica-A. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo,  v. 67,  n. 1, Feb.  2004.  

13.  PARK, Jong Seok et al. Hemifacial spasm: neurovascular compressive patterns and surgical significance. Acta Neurochir. v. 150, n.  3Mar. 2008.

14.  PERLMUTTER, David H. et al. Microvascular Decompression in Patient With Atypical Features of Hemifacial Spasm Secondary to Compression by a Tortuous Vertebrobasilar System: Case Report. Neurosurgery. v. 66, n. 6. Jun. 2010.

15.  RASLAM, Ahmed M. et al. Sensitivity of high-resolution three-dimensional magnetic resonance angiography and three-dimensional spoiled-gradient recalled imaging in the prediction of neurovascular compression in patients with hemifacial spasm. J. Neurosurg. v. 111, n. 4. Out. 2009.

16.  SEKULA JR, Raymond et al. Intraoperative Electromyography in Microvascular Decompression for Hemifacial Spasm: A Meta-analysis. Neurosurg Focus. v. 27, n. 4. Out. 2009.

17.  SETTHAWATCHARAWANICH, Suwanna  et al. Factors associated with quality of life in hemifacial spasm and blepharospasm during long-term treatment with botulinum toxin. Qual. Life Res. v. 20, n. 9 Nov. 2011.

18.  SHITING, Li et al. Re-operation for persistent hemifacial spasm after microvascular decompression with the aid of intraoperative monitoring of abnormal muscle response. Acta. Neurochir. v. 152, n. 12, Dez 2010.

19.  SINDOU Marc, KERAVEL Yves. Neurosurgical treatment of primary hemifacial spasm with microvascular decompression. Neurochirurgie. V.55, n. 2, Abr. 2009.

20.  YALTHO, Toby C; JANKOVIC, Joseph. The many faces of hemifacial spasm: Differential diagnosis of unilateral facial spasms. Mov. Disord. v. 26, n. 9, Aug 2011.

21.  YING, Ting-Ting et al. The value of abnormal muscle response monitoring during microvascular decompression surgery for hemifacial spasm. I J Surg. v. 9. n. 4. 2011.

CRÉDITOS DAS IMAGENS